Em Hortolândia menos de 5% da população usa ônibus
- Larissa Zeferino
- 21 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
Moradores reclamam de horário reduzido e más condições de transporte público
27 de novembro de 2019
A cidade de Hortolândia possui uma população estimada em 230 mil habitantes de acordo com estimativas do IBGE de julho de 2019. O transporte público da cidade consiste uma frota de 35 ônibus, que operam em 18 linhas. De acordo com a Secretaria de Mobilidade Urbana do município são registrados cerca de 9.400 embarques por dia.
A estimativa foi disponibilizada na tarde desta quarta-feira por um funcionário da secretaria que preferiu não se identificar. Essa média leva em consideração passageiros pagantes e passageiros que possuem gratuidade - idosos e colaboradores da linha. Ao dividirmos a estimativa de embarques pela população da cidade chegamos na porcentagem de 4,08%.

Pontos localizados no centro da cidade acumula passageiros mesmo fora do horário de pico
De acordo com engenheiro civil mestre em transportes, Creso Peixoto, é importante levar em consideração que um passageiro pode embarcar mais que uma vez ao dia, “normalmente temos um passageiro que vai e volta” explica Creso.
É o caso de Luzia dos Santos, 47, moradora do Jardim Novo Ângulo. Luzia utiliza a linha 344, sentido Jardim Aline, para ir e voltar do trabalho. Sua principal reclamação é quanto a qualidade dos veículos “O ônibus de dentro da cidade estão muito velhos, muito ruins. Precisamos de uma nova frota de ônibus - trocaram a frota intermunicipal, mas aqui dentro tá difícil”. A hortolandense ainda relata que acha o transporte público da cidade muito caro.

Ônibus acima pertence a última renovação de frota da cidade, de Dezembro de 2017.
Em fevereiro de 2019 a prefeitura anunciou um reajuste de 7% na tarifa de ônibus da cidade, que passou a ser 4,50. Esse aumento constituiu em quase o dobro do esperado, visto que geralmente é calculado com base na inflação do ano anterior (IPCA), que foi de 3,75%. Em dezembro de 2017, a prefeitura já tinha divulgado um reajuste de 20% da tarifa, que de 3,50 passou a ser 4,20. A justificativa foi o contrato de concessão da viação Lira.
De acordo com Creso o valor da tarifa é influenciado por vários fatores, mas o principa a ser levado em conta deveria ser quanto o trabalhador pode pagar. “ Se cobrar muito, o morador não usa o transporte público, gera oficiosidade e ele vai tirar o carro de casa”.

Mayara dos Santos, 30, utiliza o transporte público apenas algumas vezes por semana, mas relata que a espera é grande - “Se eu passar do horário é mais de uma hora no ponto esperando”. A moradora do Jardim Boa Esperança utiliza a linha 321 e reclama “Os motoristas andam igual loucos, dirigem muito rápido, passam por cima dos buracos... parece que estão carregando bicho”.
Mayara é uma das passageras que possui
gratuidade e geralmente só utiliza a linha
quando precisa ir ao centro.
Creso explica que o baixo uso do transporte público é um reflexo da ausência de uma cultura de uso somada a uma contracultura - a de uso dos carros, mas também pode implicar na falta de transporte de qualidade. “As cidades hoje em dia são projetadas para latas e não para pessoas” ressalta o engenheiro.
A Viação Lira, empresa responsável pelo transporte interno do município, se recusou a dar entrevista.
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